tag:blogger.com,1999:blog-115835052024-03-08T00:50:48.072-03:00salamalandro :: poesia contra a moral e os bons costumes :: anotações de leo gonçalvesUnknownnoreply@blogger.comBlogger231125tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-62845493562074692702007-12-30T23:10:00.000-03:002008-12-09T00:10:32.755-03:002008: ano novo casa nova visual novo cores novas tudo novo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.salamalandro.redezero.org/"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4dAAtUgokrkf4rEFOqtHwIuOabl9k1Ye8IF_OejQFcvv5xge97SE6ImyKOR55xWljHnC3XArD2VZzCOyyA1JU2_9HK4ZOt-WhL5tISIOvUQ-lFKIyzjYt3pCeNHO_bOX_oSmSWQ/s400/head.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5149958174411951730" border="0" /></a>
<div style="text-align: justify;">o salamalandro.zip.net durou 6 meses. depois, foram quase 2 anos de blogspot. compartilhei revoltas, alegrias e tristezas com vocês por aqui, nesse fundinho verde sempre cheio de grandes esperanças. agora, o salamalandro passa por uma grande reformulação e muda de casa mais uma vez. dessa vez, para integrar o redezero. e estamos cheios de novidades. clique aí e divirta-se:
<div style="text-align: center;"><a href="http://www.salamalandro.redezero.org/"><span style="font-weight: bold; color: rgb(255, 153, 0);">www.salamalandro.redezero.org</span></a>
</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-21584043057218050662007-12-20T15:59:00.000-03:002008-12-09T00:10:33.061-03:00heriberto yepez<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMSUaphsxzYJKh-iy317pEK0ZpZ09l7PRxiVlQRML_KoLZKcofoTYomr2HxIoLo1IOo6rzc5_DIREphV6ohV3EnMZ-lNwGJuKQyAw6Nac6ZXYAhGTtwmM8niprYRym4PiyVmhsvw/s1600-h/heribertoenlaplaya.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMSUaphsxzYJKh-iy317pEK0ZpZ09l7PRxiVlQRML_KoLZKcofoTYomr2HxIoLo1IOo6rzc5_DIREphV6ohV3EnMZ-lNwGJuKQyAw6Nac6ZXYAhGTtwmM8niprYRym4PiyVmhsvw/s400/heribertoenlaplaya.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5146132891854540386" border="0" /></a>
<div style="text-align: justify;">repassando a revista coyote nº1, lançada no outono 2002, me deparei com poemas e declarações chocantes de um sujeito pouco mais velho que eu chamado heriberto yepez. ando procurando em vão os livros dele. segundo ademir assunção, que o traduziu e entrevistou, a descoberta da poesia se fez pelo faro.
</div><blockquote><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="font-size:100%;">Conheci a poesia do mexicano <b>Heriberto Yépez</b> por acaso. Certa tarde chegou no meu endereço postal uma filipeta eletrônica de uma editora anarquista mexicana (<b>Anortecer</b>), divulgando um livro cujo título me intrigou no ato: <b>Por una Poética Antes Del Paleolítico y Después de la Propaganda. </b>Mandei uma mensagem de volta, propondo um escambo: eu mandaria meu livro <b>Zona Branca</b> e eles me mandariam o livro de Yépez. Meu faro não me decepcionou. Resolvi traduzir alguns dos poemas, irônicos, críticos, ultracontemporâneos. </span></span></blockquote><div style="text-align: justify;">trata-se de um cara ativo, que vive em tijuana (fronteira entre o méxico e os estados unidos) ou seja, um lugar de tensão, pois é para lá que vão os chicanos pretendentes a atravessar na marra o muro gigantesco que separa um país do outro. e a poesia dele: um soco no estômago. para você ter uma idéia, vou pegar emprestado uma das traduções feitas pelo ademir lá no blogue dele (quem quiser mais, procure pelo espelunca no link ao lado).
</div><br><br>
VIOLENTAM UMA GAROTA<br>
com uma vassoura<br>
e a deixam sem roupa e sem pele<br>
para untar-se com o creme ponds<br>
que acabara de comprar no<br>
supermercado do Estado<br>
arrombada<br>
em um beco que já viu de tudo<br>
menos isso<br>
uma mulher pelada<br>
ou melhor<br>
esfolada<br>
violentada até pelos olhos<br>
com as unhas arrebentadas<br>
como janelas de um trailler<br>
capotado na freeway<br>
o beco já viu de tudo<br>
menos isso<br>
o que resta de uma mulher<br>
com os lábios negros<br>
todavia pensando<br>
aonde terá caído<br>
o batom<br>
que há pouco<br>
comprara<br>
no Barateiro*<br>
<br>
<br>
<div style="text-align: justify;">NOTA: Issstetiendas, no original, é um supermercado estatal, com preços populares. Preferi adaptá-lo para o Brasil, fazendo referência ao supermercado Barateiro, embora este não seja estatal.</div>
<br>
<div style="text-align: justify;">yépez também tem o seu próprio blogue, e há algum tempo me tornei um freqüentador assíduo.</div><br>
<a href="http://www.hyepez.blogspot.com/">www.hyepez.blogspot.com</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-14160323492498427392007-12-20T10:36:00.000-03:002007-12-20T10:49:01.400-03:00comentário sobre o comentário abaixo (retificando informações)<div style="text-align: justify;">revendo as informações sobre o "prêmio governo minas gerais de literatura", vi que os R$35.000,00 que faltavam serão destinados ao "jovem escritor mineiro". fiquei um pouco mais entusiasmado, pois a premiação para essa categoria dará ao ganhador o direito de receber R$7.000,00 por mês num período de 6 meses totalizando R$42.000,00.
peço aos meus queridos amigos escritores de plantão que não deixem de participar. embora seja apenas uma vaga, se vocês (vocês sabem aos quens me refiro), tenho certeza que o prêmio vai para um trabalho bacana.
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-16281752719236376552007-12-14T19:13:00.000-03:002007-12-14T20:01:50.384-03:00prêmio governo de minas gerais de literatura<div style="text-align: justify;">a moda parece estar pegando. e é saudável: finalmente, os órgãos que se pretendem incentivadores da produção literária perceberam que não adianta ficar fazendo concursinhos de colégio. é o caso do ambicioso "prêmio governo de minas gerais de literatura", lançado no último dia 10. com este programa, o governo estadual institui o que ele mesmo proclama ser "o maior prêmio nacional de literatura". com diretrizes bem definidas, serão premiados escritores nas áreas de poesia, ficção e jovem escritor mineiro, além da premiação para o conjunto da obra de um escritor já de renome no cenário nacional (o maior valor será para esta categoria).<br><br>
os pontos negativos (não poderia deixar de haver) são, obviamente, a escassa quantidade de prêmios (um apenas para cada categoria) e a obscuridade já prenunciada no processo de seleção. repare: com tão poucas premiações, fica fácil imaginar que os poetas e escritores, já tão acostumados à política do "às próprias custas s. a.", ficam bem desincentivados de participar.<br><br>
de qualquer modo, não foi sem tempo a homenagem ao grande pensador da cultura brasileira antônio cândido. no total, o governo destina R$212 mil para este projeto. sendo R$120 mil para o conjunto da obra (esta categoria não passa por concorrência, pois a homenagem é feita pela banca, antes mesmo de ser lançado o concurso), R$25 mil para um poeta e outros R$25 mil para um ficcionista, e R$7 mil para o jovem escritor mineiro. traduzindo para o bom português: o governo destina apenas R$57 mil para as premiações (posso estar bancando o idiota, mas não entendi onde foram parar os R$35 mil restantes). de qualquer forma, uma quantia realmente irrisória para quem se diz "o maior prêmio", especialmente se pensarmos nos valores que são destinados à falcatrua e à falta de educação. só esperamos que com a desculpa deste prêmio, a secretaria de estado da cultura não diminua o investimento em projetos na área de literatura dentro da lei estadual de incentivo à cultura.
<br><br>
para maiores informações e para conhecer o edital (não deixe de participar, o prêmio vale para todo o território nacional): <a href="http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=1&cat=39&con=1207"target="_blank">www.cultura.mg.gov.br</a>
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-46762995440750710612007-12-13T16:12:00.000-03:002008-12-09T00:10:33.324-03:00fest'afro brasil<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoq5mkPnKaoWx2dQbZStFrhDiBYqTIaz0Cf-N-IMS0uK-GjcpZsXqswneWdghLdNUUS23sFsbIET_sU-NzXHtSlunjt1GGKLAy3P9kznzVU7WMnc-vXgDvHSbmo0Rijpu_gXNAzQ/s1600-h/cartaz-1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoq5mkPnKaoWx2dQbZStFrhDiBYqTIaz0Cf-N-IMS0uK-GjcpZsXqswneWdghLdNUUS23sFsbIET_sU-NzXHtSlunjt1GGKLAy3P9kznzVU7WMnc-vXgDvHSbmo0Rijpu_gXNAzQ/s400/cartaz-1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5143538683721714306" border="0" /></a>
saiba mais no site da Casa África: www.casaafrica.com.brUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-40503786855615261012007-12-10T09:04:00.000-03:002007-12-10T09:38:47.669-03:00hino da vitória em certas circunstâncias<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/go5tjMs11EI&rel=1"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/go5tjMs11EI&rel=1" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>
de madrugada em pleno esplendor<br>
quem senão eu como cachaças destruindo suas vítimas amadas<br>
para dar luz à indecisa claridade de suas mesas<br>
quem senão eu com papeizinhos luxuosas descrições feitas para calar<br>
ou a palavra mesa as mentiras<br>
os metros de mentiras para vestir os cotovelos do embriagado<br>
os alfaiates estão tristes porém se cose e canta<br>
mente-se em quantidade irmãos meus fica bela a feiúra<br>
amorosas as pústulas grande dignidade a infâmia<br>
no pássaro no cantor no distraído cresceram répteis<br>
com assombro contempla sua grande barbaridade<br>
hurrah por fim ninguém é inocente<br>
cavalheiros brindemos as virgens não virgam<br>
os bispos não bispam os funcionários não funcionam<br>
tudo o que apodrece em ternura dará<br>
olho meu coração inchado de desgraças<br>
tanto lugar como teria para as belas aventuras<br>
<br>
juan gelman (tradução improvisada: leo gonçalves)Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-3974747906145678452007-12-07T09:14:00.000-03:002007-12-07T09:27:04.999-03:00deu na folha de são paulo<span style="font-weight: bold;">Poeta argentino Juan Gelman ganhou o Prêmio Cervantes de 2007</span><br>
sexta-feira, 29 de novembro de 2007<br>
<div style="text-align: justify;">O escritor argentino Juan Gelman, ganhador do Prêmio Cervantes de Literatura 2007 entregue hoje, disse que está "muito emocionado e comovido", mas não esperava sair vencedor, dada a "estatura e valor dos demais candidatos".<br>
</div><br>
<div style="text-align: justify;">Em declarações à agência Ansa feitas de sua casa na Cidade do México (onde está radicado desde 1976), Gelman se mostrou satisfeito em ter obtido o reconhecimento "por aquilo que significa [o prêmio] no contexto da literatura hispano-americana".<br>
<br>
</div><div style="text-align: justify;">"Me comoveu, eu não esperava. Depois que li a lista de candidatos, todos escritores de primeira linha, como Juan Goytisolo, Mario Benedetti, Blanca Varela, José Emilio Pacheco ou Juan Marcé, disse a mim mesmo: "é muito difícil", contou o poeta argentino.
<br><br>
</div><div style="text-align: justify;">Para o autor de "Velorio del Solo" (1961) e "Gotán" (1962), ganhar um prêmio desta magnitude "é realmente um grande estímulo, sem dúvida, porque condensa um reconhecimento pelo que foi escrito".
<br><br>
</div><div style="text-align: justify;">"O fato é que nenhum prêmio nem reconhecimento escreve por alguém, quem escreve é esse alguém. De qualquer jeito, o estímulo é muito grande", afirmou.Ao ser consultado sobre a possibilidade de ser indicado, ou pelo menos aspirar, ao Prêmio Nobel de Literatura, o poeta afirmou que "a Suécia está muito longe do México e também da Argentina". Gelman também falou de sua trágica experiência com a ditadura na Argentina, quando seqüestraram seu filho, Marcelo Ariel, e a esposa dele, María Claudia García (grávida na época), em agosto de 1976. Em outubro, Marcelo foi encontrado em um tambor de aço flutuando no Rio da Prata. Já de sua nora María Claudia, só foi devolvida a filha, nascida. Segundo Gelman, o acontecimento lhe permitiu "uma espécie de pacificação interior, para ver certas coisas".
</div><br>
<div style="text-align: justify;">Firme opositor das ditaduras de Argentina e Uruguai, e de sua impunidade, Gelman foi obrigado a fugir da repressão desatada pelo regime argentino (1976-1983) e se exilar do país por 12 anos. "[México] é um país que conheço desde o ano de 1961, que foi a primeira vez que passei, e estive por aqui quando era a região mais transparente, de verdade", lembrou.</div><br>
<div style="text-align: justify;">A fala do poeta aponta ao título do romance de Carlos Fuentes, "La Región Más Transparente", em referência ao céu da Cidade do México, onde dizia sentir-se em "em casa". Juan Gelman também brincou ao afirmar que adora a "vitamina T", como se denominam popularmente no México bebidas e comidas típicas: "tequila, tacos, tortas e tamales", porque "é excelente, barata e abundante".<br>
<br>
</div><div style="text-align: justify;">O escritor recebeu, em 1997, o Prêmio Nacional de Poesia da Argentina e, em 2000, o Prêmio de Literatura Latino-americana e do Caribe Juan Rulfo, e possui livros traduzidos em mais de dez idiomas.
<br><br>
</div><div style="text-align: justify;">Ele garante que não foi convidado à Feira Internacional do Livro de Guadalajara, onde se reúnem vários escritores do mundo todo. Por outro lado, se mostrou entusiasmado por ter sido convocado a dar aulas na cátedra "Julio Cortázar", nesta mesma cidade mexicana: "uma distinção que aprecio muito", completou.
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-43221655145250222382007-12-07T09:06:00.000-03:002007-12-07T09:15:01.978-03:00isso de juan gelman recirculando<div style="text-align: justify;">estive em brasília há alguns dias. uma passagem muito proveitosa. dentre as muitas conversas que tive por lá, destaco um raríssimo encontro com o professor henryk siewierski, coordenador da coleção poetas da editora unb. ele me revelou a bela notícia da recirculação do livro "isso" que estava esgotado até a pouco. para comemorar, deixo aqui um comentário publicado no jornal rascunho à época do lançamento do livro de juan em 2004.
</div><br>
<span style="font-weight:bold;">Irônico desespero</span><br><br>
por Jefferson de Souza<br><br>
<div style="text-align: justify;">Escrever para não esquecer, para que ninguém esqueça. Talvez esta seja uma das mais possíveis maneiras de exorcizar os fantasmas autoritários que roubaram vidas impunemente na América Latina há poucas décadas. Juan Gelman nasceu em Buenos Aires, em 1930, e cumpre na literatura latino-americana o importante papel de ser a memória insistente e persistente do período de trevas imposto pelas ditaduras. É um dos mais importantes poetas da atualidade e trabalha com maestria o realismo crítico. A história de vida deste filho de judeus ucranianos reflete a dureza da sua poesia. ele teve o filho e a nora, grávida, seqüestrados pelos militares em 1976. Os restos mortais de Marcelo (o filho) foram encontrados em 1989. A família do poeta ainda está à procura do corpo de Claudia, a nora, mas em 2000 esta luta ganhou um grande fôlego quando foi encontrada a neta que havia sido adotada por um militar uruguaio 23 anos antes. Juan Gelman ficou 12 anos no exílio, mas não foi este sofrimento que o levou à poesia e sim o amor. Ele começou a escrever aos nove anos, quando tentou conquistar uma vizinha de onze anos, mandando poemas de outros autores e foi ignorado. Sentiu que com os seus poemas, ela se entregaria ao amor... Não foi o que aconteceu, mas ele continuou escrevendo para o bem da grande “dama”: é assim que o autor se refere com doçura à poesia. O livro do qual falamos é Isso e integra a coleção Poetas do Mundo da editora UnB. Esta obra foi publicada pela primeira vez em reunião organizada pelo próprio autor. Na edição brasileira, aparece o belo trabalho dos tradutores Andityas Soares de Moura e Leonardo Gonçalves, que no poema “Ao redor do qual” optaram por não traduzir palavras começadas por alm-, uma colagem lúdico-vernácula que perderia o sentido na tradução.
</div><br>
“e a almona é lugar onde se pescam sábalos/<br>
e almorta é uma planta de talo herbáceo e ramoso/<br>
e a semente dessa planta é a almorta/”<br>
<br>
<div style="text-align: justify;">O presente livro recupera a história poética de Gelman, que fala de amor e de outros conflitos da Alma. Afinal, de que é feita a arte senão dessas enfermidades? Mas não pensemos só em aridez e desespero, a voz de Gelman é também macia, sutil, irônica, triste, como no belo poema que abre o volume –
</div>
aniversário<br>
<br>
respiraria/rua/onde agora<br>
cai a tristeza?/enchove?<br>
mamãe trouxe a tarde/<br>
vou manchar as toalhas/com certeza/<br>
<br>
e adoraria o pito<br>
que vai me passar/suavíssima/<br>
revolvendo minha alma<br>
com a colher da sopa/<br>
<br>
a última coisa que fez<br>
antes de morrer<br>
foi esticar um fiozinho<br>
para me pôr ao sol<br>
<br>
<div style="text-align: justify;">O livro, escrito em Paris entre 1983 e 1984, tem um caráter memorialista como toda a obra deste argentino e merece estar na biblioteca dos que admiram a força da poesia.<br>
</div>
[matéria publicada no Jornal Rascunho, fev. 2005]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-14968280573150439152007-11-21T13:30:00.000-03:002008-12-09T00:10:33.920-03:00lançamento do livro "cada" de bruno brum<div style="TEXT-ALIGN: justify"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRo7eJBu-VWFGy5uAdv1xtlOOeqK1Dv8NqDtyvxRrp90cAAquoFBkuB59IJMIjoxASFy0bHzhyphenhyphen8ZoFhRSDZM-qqoCz3WK1xRyNJh9FDlqK-Idt1idx6-9OYFqc291grg3Dadb4Aw/s1600-h/convite+bruno.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5135332741201927026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: pointer; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRo7eJBu-VWFGy5uAdv1xtlOOeqK1Dv8NqDtyvxRrp90cAAquoFBkuB59IJMIjoxASFy0bHzhyphenhyphen8ZoFhRSDZM-qqoCz3WK1xRyNJh9FDlqK-Idt1idx6-9OYFqc291grg3Dadb4Aw/s400/convite+bruno.jpg" border="0" /></a>segunda que vem tem encontro marcado lá na livraria quixote (às 19h) . o livro é o "cada" do bruno brum (<a style="FONT-WEIGHT: bold; COLOR: rgb(255,153,0)" href="http://www.saborgraxa.blogspot.com/"target="_blank">sabor graxa</a>), que em breve dispensará qualquer apresentação. no lançamento haverá uma performance com as participações de ricardo aleixo e benedikt wiertz. </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-32807885469336745842007-11-18T17:03:00.000-03:002007-11-18T17:12:00.883-03:00às vésperas do 20 de novembro<strong>epopéia de zumbi</strong><br>
(nei lopes)<br><br>
e de repente<br>
era um, eram dez, eram milhares<br>
sob as asas azuis da liberdade<br>
nascia o estado de palmares<br>
mas não tardou<br>
e a opressão tentou calar não conseguiu<br>
o brado da vida contra a morte<br>
no primeiro estado livre do brasil<br>
forjando ferro de ogum<br>
plantando cana e amendoim<br>
dançando seus batucajes<br>
pilando milho e aipim<br>
fazendo lindos samburás<br>
amando e vivendo enfim<br>
durante cem anos ou mais<br>
palmares viveu assim<br>
e a luta prosseguia<br>
contra a ignorância, a ambição<br>
até que surgiu zumbi<br>
nosso deus, nosso herói, nosso irmão<br>
ciente de que nenhum negro ia ser rei<br>
enquanto houvesse uma senzala<br>
ao invés de receber a liberdade<br>
zumbi preferiu conquistá-la<br>
e depois de mais três anos de guerra<br>
o punhal da traição varou zumbi<br>
foi a vinte de novembro<br>
data pra lembrar e refletir<br>
e hoje trezentos anos depois<br>
um brado forte e varonil<br>
ainda vem de pernambuco e alagoas<br>
e se espalha pelo céu desse brasil<br>
<br>
folga negro de angola<br>
que ele não vem cá<br>
se ele vier quilombola pau há de levar<br><br>
(clique <a href="http://www.tradicaodosamba.com.br/boletim%20do%20samba/ala_compositores/BS_alacompositores_jun_3a.html">aqui</a> para ouvir a <a href="http://www.tradicaodosamba.com.br/boletim%20do%20samba/ala_compositores/BS_alacompositores_jun_3a.html">canção</a>)Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-58668945583474125772007-11-17T16:48:00.000-03:002008-12-09T00:10:34.129-03:00uma preciosidade dita por pier paolo pasolini que cai muito bem aqui<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_3fymzKuAey5a4Rb5Wu73LczkpQTQN5fa4xtVaCRyMba6y8vUaQKcLbjYKTLnIBdRiSBraz014CjB_L5btn5fnqIaUYDNqUpUFp7Ku-RtoGp1XXYC71nHsJLivB2i_VFzSMCbrQ/s1600-h/pppasolini.bmp"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_3fymzKuAey5a4Rb5Wu73LczkpQTQN5fa4xtVaCRyMba6y8vUaQKcLbjYKTLnIBdRiSBraz014CjB_L5btn5fnqIaUYDNqUpUFp7Ku-RtoGp1XXYC71nHsJLivB2i_VFzSMCbrQ/s200/pppasolini.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5133901731113343842" /></a>
<p align="justify">"estou muito bem no mundo, acho ele maravilhoso, me sinto atado à vida, como um gato. é a sociedade burguesa que não me agrada. é a degeneração da vida do mundo. hitler foi o típico produto da pequena burguesia. mesmo stalin é um produto pequeno burguês. eu sou pela moral contra o moralismo burguês. qual é a diferença? o moralista diz não aos outros, o homem moral o diz apenas a si mesmo." </p><p align="justify"> </p><br><br><br><p align="justify">[io sto benissimo nel mondo, lo trovo meraviglioso, mi sento attrezzato alla vita, come un gatto. è la società borghese che non mi piace. è la degenerazione della vita del mondo. hitler è stato il tipico prodotto della piccola borghesia. anche stalin è un prodotto piccolo-borghese. io sono per la morale contro il moralismo borghese. qual è la differenza? il moralista dice di no agli altri, l'uomo morale lo dice solo a se stesso.]</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-67076092741672251522007-11-17T11:56:00.000-03:002008-12-09T00:10:34.405-03:00elogio do ópio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimKKnA9mn7WRw4V9Br0_QH7BJxM9DlOQ3zHxoqgsVzNRevHyRiyjvA6lY8PYIdQSwNV0owdDK5SY449ProbnpvGFk6TfEyc9h-BYUx_gvanwfLdGPupS0ojnyBNk9d8OtcGqTf0g/s1600-h/heroina2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5133827492603632466" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimKKnA9mn7WRw4V9Br0_QH7BJxM9DlOQ3zHxoqgsVzNRevHyRiyjvA6lY8PYIdQSwNV0owdDK5SY449ProbnpvGFk6TfEyc9h-BYUx_gvanwfLdGPupS0ojnyBNk9d8OtcGqTf0g/s200/heroina2.jpg" border="0" /></a>
<div align="justify">há alguns dias, escrevi algo sobre o filme tropa de elite e, relendo e conversando com algumas pessoas, percebi que não fui exato num ponto: <strong>não tenho nada contra drogas</strong>. pelo contrário. sou a favor de todos os tipos de embriaguez, de delírio, de loucura, de paixão. não acho que a culpa da violência do tráfico seja da burguesia usuária. isso seria uma injustiça. o que eu queria dizer é que a culpa é uma coisa insossa que não resolve e nem resolverá jamais problema nenhum. quando se toca na culpa, nada tem solução. tudo é um mar de lamentações e pronto. se acabou. </div>
<div align="justify"></div><br>
<div align="justify">sobre a burguesia e o seu baseado, o que me irrita é o uso burguês disso. como também me irrita ver playboy vestido de punk, barrigudos cervejeiros aprisionando suas namoradas e suas namoradas querendo ser aprisionadas pelos namorados para depois reclamarem que homem não presta, soluções compradas em shoppings centers, headbangers cagões, a vida em saquinhos de plástico e garrafas pet, praticidade vazia de significado, oba-oba que jura de pé junto que o bom da vida é o deixa disso vamo pedir mais uma, acende um fininho aí vira pra lá não é comigo. burgueses pensam que precisam ganhar um prêmio porque adoram fumar o seu caretíssimo baseado. </div><br>
<div align="justify"></div>
<div align="justify">odeio todas as formas de burrice. mas todo mundo sabe que ela, a burrice, não é mérito de um ou de outro grupo específico de pessoas. aliás, é ela que domina a gorda massa das universidades brasileiras. não vai ser porque alguém curte o seu baseado que ela ou ele vai ser idiota, esperto, filósofo, marginal, poeta, playboy ou udigrudi. seria maniqueísmo (e me desculpem as pessoas que pensam assim, seria burrice) demais da minha parte. </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-16516803815124476642007-11-15T22:06:00.000-03:002007-11-15T22:42:05.561-03:00problemas de educação: ainda no clima "tropa de elite"<div style="text-align: justify;">ultimamente tenho visto pessoas na televisão e na imprensa comentarem sobre o medo da violência que perpassa o brasil atual. e vejo que as pessoas aventam soluções estranhíssimas, todas repressivas e de coação. "é preciso investir em polícia!", dizem. "tem que instituir pena de morte!", outros respondem. há quem defenda a diminuição da idade penal. há quem ache que a solução é aumentar o salário dos policiais e armá-los melhor.<br><br>
mas poxa! todo mundo sabe que essas medidas, todas elas, não passam de revidações. fico chocado de ver que ninguém defende a melhoria do ensino. ninguém defende um projeto de nação. o país está há tanto tempo imerso na ignorância e na falta de conhecimento que já perdeu a referência.
<br><br>
por pior que esteja a situação política no país, podemos dizer que esta é uma época de otimismo: nunca a inflação esteve tão baixa e por tão longo tempo, e ela chegou ao patamar que está sem nenhum choque econômico. a petrobrás acaba de descobrir um poço de gás combustível no fundo do oceano que pode colocar o brasil no patamar dos grandes exportadores. a dívida com o fmi chegou ao fim.<br><br>
estamos nos preparando para sediar uma copa do mundo depois de termos sediado um pan. agora, é hora de dar educação para as pessoas. saber é poder. é a única coisa que pode tirar o país do buraco e acabar, a curto, a médio e a longo prazo, com a violência. eu queria que esse discurso contra a violência mudasse de caráter e de foco. a educação é o que faz a força de um povo. ensinar valores, conhecimentos, lucidez.<br><br>
o assunto da educação no brasil é coisa séria. ando pensando muito sobre isso e vejo que são muito poucas as pessoas que tocam no problema. nem mesmo os artistas falam nele. estão todos preocupados com soluções paliativas. por isso, não reparem, voltarei a falar muito sobre isso por aqui.
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-43599158275780906162007-11-13T15:43:00.000-03:002007-11-13T16:00:32.453-03:00funarte lança bolsa de estímulo à criação literária<div align="justify">depois do projeto pioneiro da petrobrás, no final de 2006, agora é a <strong>funarte</strong> que abre o edital para a bolsa de estímulo à criação literária. serão aceitos projetos nas categorias: crônica, conto, novela, romance e poesia. são ao todo 10 vagas, sendo 2 para cada região do país. e o valor da bolsa é de R$30.000,00, sendo metade entregue antes e a outra metade no ato da entrega da obra pronta, não podendo esta passar de julho de 2008. imagino que os amigos do <strong>movimento literatura urgente </strong>terão seus comentários a fazer. de minha parte, o que posso dizer é que fico feliz que as entidades do país tenham começado a entender que de pouco adiantam os concursos de literatura. é certo que este edital se parece muito com os velhos editais de concursos, mas o próprio fato de aprovarem projetos e não objetos, a proposta de "estimular" e não de dar mérito a alguém por seus escritos, além da distribuição por regiões já são passos bem interessantes para a melhoria das relações entre "estado" e literatura. espero que haja um equilíbrio entre aprovações de "prosas" e "poesias". e só lamento mesmo é a reduzidíssima quantidade de vagas. </div><br><div align="justify"></div><div align="justify">para mais informações:</div><div align="justify"><a href="http://www.funarte.gov.br/novafunarte/funarte/noticia.csp?NoticiaId=417"target="_blank">>http://www.funarte.gov.br</a></div><div align="justify"></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-79555409066555193752007-11-09T20:01:00.000-03:002008-12-09T00:10:34.561-03:00tropa de elite: alguém falou em culpa?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimlSDyGOkSXKEfEFSC3WOXpjd4gTqnHk8Eefp0p6zl8HoLY4vzZLphEgH-kYmu1_sNljcC9UsXyTAVOlSfTUVOy1T4X5eUGCjU4nYAzxs893zcSXnMbNL0fq_VbpHY84yImQimkQ/s1600-h/thumbs.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130992111238879650" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimlSDyGOkSXKEfEFSC3WOXpjd4gTqnHk8Eefp0p6zl8HoLY4vzZLphEgH-kYmu1_sNljcC9UsXyTAVOlSfTUVOy1T4X5eUGCjU4nYAzxs893zcSXnMbNL0fq_VbpHY84yImQimkQ/s200/thumbs.jpg" border="0" /></a>
<div align="justify">muito curiosa a polêmica lançada pelo filme "tropa de elite". parece que ele agradou e, ao mesmo tempo, incomodou a gregos e goianos. os partidários da polícia ficaram chateados, as boas mocinhas acharam que ele faz apologia à violência, os malucos acham que o filme é ufanista, há quem diga que como filme é bom, mas que a violência pesada não justifica. por outro lado, há quem diga que, como filme é ruim, mas que o que é dito ali não pode deixar de ser dito, pois é bem o retrato da polícia. falou-se em problemas educativos, falou-se em pirataria, ouvi reclamações que "meu filho anda cantando a música tema do filme, e eu acho isso muito perigoso". </div><br>
<div align="justify"></div>
<div align="justify">de minha parte, custei um pouco a ir vê-lo. mas posso dizer que gostei. achei o estilo denso e envolvente, achei que o diretor acertou a mão no tempo da narrativa e nas frases de efeito ("bota na conta do papa" vai entrar pra história). teve gente que andou reclamando que parecia demais com o "cidade de deus" do fernando meirelles. mas cá pra nós: se cinema dependesse de originalidade, hollywood já tinha falido há umas 3 décadas (sendo otimista). eu, pelo contrário, acho mesmo é que o filme será pra sempre um marco no cinema nacional e conquistará, ao lado do "cidade de deus", muitos seguidores. </div><br>
<div align="justify"></div>
<div align="justify">particularmente não acho que o filme faça apologia à violência. pelo contrário, acho que ele mostra o quanto a violência é nefasta e triste. supor que uma ficção é uma apologia a qualquer coisa é lamentável para um país que se quer "civilizado". seria o mesmo que dizer que o "saló", do pasolini é uma apologia ao nazismo ou que a "ilíada" não deve ser lida por estar vazada de sangue. ora bolas, um bom artista produz coisas que o deixam fora até mesmo da sua moral pessoal, a questão "bem" ou "mal", tão reducionista e tão corrente no país que se diz "abençoado por deus". </div>
<div align="justify"></div><br>
<div align="justify">por outro lado, não dá pra negar uma coisa: conheço um mundaréu de gente que ao ver o filme ficará muito entusiasmado em sair por aí pregando que a coisa tem que ser por aí. mas não é o filme que ensina isso. todos nós sabemos que ninguém entra numa sessão de cinema para aprender como é a vida. quem quiser saber isso, vai no mínimo procurar um jornaleco qualquer desses que circula a rodo pelo país e que dá as ordens no pensamento dos pretensos "cidadãos". no filme não. não posso responder por todo mundo, mas posso dizer que fiquei orgulhoso de ver que ao menos no cinema, existe a intenção, ainda que seja de um único diretor, de se criar o "mito do policial honesto". até por quê, acho que policial honesto é coisa que não existe em nenhum lugar que pratica tão fervorosa e convictamente a repressão (se você é brasileiro, você sabe do que estou falando). </div>
<div align="justify"></div><br>
<div align="justify">pois bem, mas eu vi que teve um bando de burgueses maconheiros que também ficou meio nervosificado com a narrativa. imagina, mexer nos vícios é coisa séria. pode levar a conseqüências químicas. e eu sei que todo mundo prefere virar a cara e fingir que não é com ele. medo de ficar sem o seu sagrado baseado. não serei eu a aliviar a barra da burguesada, apenas quero saber se a galera vai ficar aí dizendo "a culpa é de quem?", borrando as calças de medo por só porque viu o próprio retrato na tela. </div>
<div align="justify"></div><br>
<div align="justify">quer saber a minha opinião? foda-se a culpa. (por que ninguém fala no essencial?) chama o povo na responsa pra fazer algo que preste: ensinai as criancinhas. que saber é poder. entreguem óculos para os garotinhos que não enxergam direito, como o matias queria fazer no filme, e fez. e assistam como elas fazem o que não soubemos fazer, já que fomos educados por professores incompetentes. criar o mito do "ensinar para dar poder". antes que tudo exploda e não tenha volta. </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-35631241122051784122007-11-08T16:56:00.000-03:002008-12-09T00:10:34.698-03:00anderson almeida e o trevo de cinco folhas para download<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX6K8UgilfTKp4FcoWnJGyw2inqF2hwUHScHSEWDUgGDdI5wxHpIlg_jBSaczSwH4BliTeYtDrHoGRFHbn_P5RbXkWKWXIz1rF_S19i-yfY8_6WKakFOOQUpIa-79eH4mgeIXwaQ/s1600-h/so-pratos0001.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130561218644908434" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX6K8UgilfTKp4FcoWnJGyw2inqF2hwUHScHSEWDUgGDdI5wxHpIlg_jBSaczSwH4BliTeYtDrHoGRFHbn_P5RbXkWKWXIz1rF_S19i-yfY8_6WKakFOOQUpIa-79eH4mgeIXwaQ/s200/so-pratos0001.jpg" border="0" /></a> aí está meu amigo, mestre da vanguarda distraída, camarada e poeta da lista dos preferidos disponibilizando a linda série "trevo de cinco folhas" para download (formato .pdf). são os cinco poemas pulsantes (um sexto vem de presente) que ele publicou na revista <em>ipsis </em>na ocasião em que ficou entre os três selecionados do concurso de literatura da revista literária do corpo discente da ufmg. quem quiser dar uma sacada, basta ir lá no <a href="http://www.friccoes.redezero.org/trevo-de-cinco-folhas-pra-download/"target="_blank"><span style="color:#ff9900;"><strong>www.friccoes.redezero.org</strong></span></a><strong> </strong>e seguir as orientações. </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-82486816895621023562007-11-07T13:28:00.000-03:002007-11-07T20:45:18.276-03:00um poema de viviane mosélúcido deve ser parente de lúcifer<br>
a faculdade de ver deve ser coisa do demônio<br><br>
lucidez custa os olhos da caraUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-15182884874026168192007-10-28T19:16:00.000-03:002007-11-01T16:43:49.528-03:00egoísta: beatriz azevedo & josé celso<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/5Bae4lcNQMI"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/5Bae4lcNQMI" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>
<span style="font-weight:bold;">egoísta</span>
<br>
(beatriz azevedo)<br>
<br>
você disse que eu sou egoísta<br>
egoísta é quem só pensa em si<br>
como é que eu posso ser egoísta<br>
se eu só penso em você<br>
<br>
você é muito vaidosa<br>
não quer dar o braço a torcer<br>
você é muito exigente<br>
já fez tanta gente sofrer<br>
<br>
você não sabe como me machuca<br>
quando diz essas coisas cruéis<br>
coloquei meu coração a seus pés<br>
conheci o perfume da dor<br>
<br>
você tem tudo o que quer<br>
e não quer tudo que tem<br>
todos querem ficar com você<br>
mas você não é de ninguémUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-8836116064871233362007-10-26T16:25:00.000-03:002007-10-26T19:15:39.656-03:00um poema de william blake<p><strong>o sorriso
</strong><br><br>
há um sorriso que é de amor<br>
e há um sorriso de maldade,<br>
e há um sorriso de sorrisos<br>
onde os dois sorrisos têm parte.<br>
<br>
e há uma careta que é de ódio,<br>
e há uma careta de desdém<br>
e há um careta de caretas<br>
que te esforças pra esquecê-la bem,<br>
<br>
pois ela fere o coração no cerne<br>
e finca fundo na espinha dorsal<br>
não um sorriso que seja inédito<br>
mas único sorriso solitário.<br>
<br>
e entre o berço e o túmulo<br>
somente uma vez se sorri assim;<br>
e uma vez havendo sorrido<br>
todas as misérias têm seu fim.<br>
<br><br> </p><p>(tradução livre leve e tosca: leo gonçalves)</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-56242179933223417342007-10-26T10:56:00.000-03:002008-12-09T00:10:35.095-03:00waly sailormoon e a teatralização: trechos de um texto de antônio cícero<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8i1h6epkrGCUTJIjPU7Gcqk15DgMBg7olXVAatpZThLBGOAgJxpY9nqVAGAoDypPykqJyIMliGp3TUkwLr28sBA_bOx5TTX82KsP2ECotKM90qZM3fgncUiQ35qawSbxDQ5HJLA/s1600-h/mesegura.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5125645735680909874" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8i1h6epkrGCUTJIjPU7Gcqk15DgMBg7olXVAatpZThLBGOAgJxpY9nqVAGAoDypPykqJyIMliGp3TUkwLr28sBA_bOx5TTX82KsP2ECotKM90qZM3fgncUiQ35qawSbxDQ5HJLA/s200/mesegura.jpg" border="0" /></a>
<p align="justify">uma das publicações mais bonitas de poesia que tive acesso nos últimos tempos é o livro “me segura qu’eu vou dar um troço” de waly sailormoon, publicado em 2003 pela editora aeroplano em parceria com a biblioteca nacional, organizado por heloísa buarque de hollanda e luciano figueiredo. trata-se trabalho do primeiro do baiano que, em 1972 ficou preso no carandiru por causa do porte de uma “mera bagana de fumo”.
</p>
<blockquote>
<p align="justify">“meu primeiro texto teve de brotar numa situação de extrema dificuldade. na época da ditadura, o mero porte de uma bagana de fumo dava cana. e eu acabei no carandiru, em são paulo por uma bobeira, e lá dentro eu escrevi “apontamentos no pav 2”. não me senti vitimizado de ver o sol nascer quadrado. para mim foi uma liberação da escritura”. </p></blockquote>
<p align="justify">
nesta edição, há um belíssimo prefácio de antônio cícero, verdadeiro testemunho de admiração e amizade por um dos poetas mais importantes que apareceram na cena brasileira dos últimos 50 anos. fiz uma pequena edição de um trecho que me toca, especialmente agora, neste instante da vida. espero que o cícero não se importe. segue o texto:
<br><br>
<p align="center"><strong>a falange de máscaras de waly salomão</strong></p><br>
<p align="justify">(...)<br><br>
em 2002, waly resume a relação entre a prisão e a escrita, dizendo que "... ver o sol nascer quadrado, eu repito esta metáfora gasta, representou para mim a liberação do escrever que eu já tentava desde a infância. <br><br>
se desde a infância ele já buscava a liberação que a escritura de "me segura"viria a lhe proporcionar, então, de algum modo, a vida anterior a essa escritura devia ser por ele percebida como uma prisão ou um confinamento: confinamento do qual o carandiru tornou-se o emblema. de que se trata? são muitas as possíveis prisões. em texto sobre "me segura", intitulado "ao leitor, sobre o livro", lê-se: </p><br>
<p align="right">sob o signo de PROTEU vencerás.<br>
por cima do cotidiano estéril<br>
de horrível fixidez<br>
(waly salomão)<br><br></p>
<p align="justify">
de que modo a poesia proporciona a liberação a quem foi confinado? o desprezo pela fixidez do cotidiano, a rejeição dos princípios lógico-formais da identidade e da contradição, a vontade de abolir as fronteiras entre o eu e os outros e o fascínio pela metamorfose são características que trazem à mente a noção de carnavalização. mas, não creio que o termo carnavalização seja adequado para caracterizar a obra de waly. na verdade, aquilo que merecia o epíteto de carnavalizante era a pessoa ou a irradiante presença de waly, inclusive na sua atividade de conferencista e nas suas aparições na televisão, mas não a sua poesia. em relação a esta, prefiro empregar o conceito que ele mesmo elegeu: o de teatralização.
</p>
<blockquote>
<p align="justify">“é que eu transformava aquele episódio, teatralizava logo aquele episódio, imediatamente, na própria cela, antes de sair. eu botava os personagens e me incluía, como marujeiro da lua. eu botava como personagens essas diferentes pessoas e suas diferentes posições no teatro: tinha uma agente loira babalorixá de umbanda, tinha um investigador humanista e o investigador duro. o que quer dizer tudo isto? você transforma o horror, você tem que transformar. e isso é vontade de quê? de expressão, de que é isso? não é a de se mostrar como vítima”.</p></blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNnAY9ZNSku8Kn_hOh0ki-zRPk8_FSU1jzx9OiY0A0xNufhyphenhyphenvX-D1mQywYxdlgj23UIMl3U3gP4B3Y3mKcci6LuxY3QlgshZ7oS-UT-lCLsvV1NUxYmJTDQ6J94jxmGTkHyFw-vA/s1600-h/waly2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5125645886004765250" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNnAY9ZNSku8Kn_hOh0ki-zRPk8_FSU1jzx9OiY0A0xNufhyphenhyphenvX-D1mQywYxdlgj23UIMl3U3gP4B3Y3mKcci6LuxY3QlgshZ7oS-UT-lCLsvV1NUxYmJTDQ6J94jxmGTkHyFw-vA/s200/waly2.jpg" border="0" /></a>
<p align="justify">a vítima é o objeto nas mãos do outro. quem aceita a condição de vítima no presente, quem diz: “sou vítima” está, ipso facto, a tomar como consumada a condição de não ser livre. é contra essa atitude de implícita renúncia à liberdade que waly teatraliza a sua situação. ao fazê-lo, ele a transforma em mera matéria prima para o verdadeiro drama, que é o que está a escrever. a vítima passa a ser apenas o papel de vítima, a máscara de vítima. por trás da máscara há o escritor. mas isso não é tudo, pois o que é o escritor senão o papel de escritor?
waly sailormoon, o marujeiro da lua, diz que: “chego nos lugares e percebo as pessoas como personagens de um drama louco”. mas não se deve cair no equívoco de supor que a teatralização consista simplesmente em opor ao mundo real o imaginário. não é o delírio ou a alucinação que waly aqui defende. não se trata de opor o teatro ao não-teatro. o que ele julga é, antes, que tudo é teatro. ao afirmar que percebe as pessoas como personagens de um drama louco, waly não quer dizer apenas que as interpreta como tais, mas que se dá conta de que são personagens de tal drama. retomando a idéia do theatrum mundi, originada na antigüidade.<br>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFZlNUdaJXH0E7Cgvqoqx32N2Kh5HUUy1ZE_fM_wLienPooF3W2ByRLw7LDDIJ28GFSZO0qFGneUXZ_17JtEv7Uw9aNPp9PxS0IWRbHMaFcboy0czo2zo12mqk7g-reVqRG9pM-w/s1600-h/waly1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5125646173767574098" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFZlNUdaJXH0E7Cgvqoqx32N2Kh5HUUy1ZE_fM_wLienPooF3W2ByRLw7LDDIJ28GFSZO0qFGneUXZ_17JtEv7Uw9aNPp9PxS0IWRbHMaFcboy0czo2zo12mqk7g-reVqRG9pM-w/s200/waly1.jpg" border="0" /></a>
mas, se tudo já é teatro, se até o fato é teatro, qual é o sentido da teatralização? por que teatralizar o que já é teatro? é que o fato social é o teatro que desconhece o seu caráter teatral. o processo que leva a esse desconhecimento ocorre, por assim dizer, “naturalmente”: como a peça que se representa no teatro do mundo parece ser sempre a mesma, os atores ignoram que se trate de uma peça, isto é, de obra humana e artificial; ignoram, em outras palavras, que seja uma dentre muitas peças reais ou possíveis, e a tomam por natureza. longe de reconhecer espontaneamente o teatro do mundo como teatro, o indivíduo, no interior da sua cultura, aceita os papéis sociais como dados ou fatos desde sempre já prontos: o que equivale, como foi dito, a tomá-los por natureza, não por teatro.<br><br>
a atitude de waly é diametralmente oposta a essa. ele nunca esquece que o “fato” social é o teatro que se enrijeceu ou esclerosou a ponto de olvidar a sua natureza teatral: o teatro que se pretende superior ao teatro, que se pretende mais real do que o teatro. na medida em que tem êxito em sua impostura, a “horrível fixidez” daquilo que podemos chamar de “teatro do fato” não somente expulsa ou degrada ao segundo plano as virtualidades ainda não realizadas do presente, que o superam em riqueza, mas, além disso, congela o movimento criativo que, em princípio, exige a abertura permanente a novas possibilidades interpretativas. a teatralização walyniana funciona, portanto, como a água de mnemosune, o antídoto contra a água da fonte de lete, do esquecimento naturalizante e confinante.<br><br>
(do prefácio de antônio cícero ao livro “me segura qu’eu vou dar um troço”, de waly salomão, publicado em 2003 pela editora aeroplano)</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-74850498596402166482007-10-22T13:41:00.001-03:002007-11-22T13:49:27.215-03:00je te lançais de mes crachats sur le sublime<br>
et t'attendais dans un coin des heures mortes<br>
je savais bien que tu ne venais pas<br>
et tu riais<br>
et tu riais<br>
et tu riais<br><br>
je t'attendais dans un coin aux heures mortes<br>
d'amour avec curitiba et personne ne venait<br>
ton amour était rien aux heures mortes<br>
tu ne venais pas<br>
tu ne venais pas<br>
tu ne venais pas<br>
<br>
je te déchirais de tout ton corps à l'eau de vie<br>
et te disais d'aller aux gouffres de l'enfer<br>
tu dansais sur me crachats sur mes crachats<br>
et buvais<br>
et buvais<br>
et buvais<br>
<br>
et je vivais pour adoucir bien ta faveur<br>
et ma cravate était percée dans ton poil<br>
je me promenais par les coins les petites places<br>
et tu mentais<br>
et tu mentais<br>
et tu mentais<br>
<br>
j'enregistrais sur le détail chacun de nos rêves<br>
pour présenter au fantastique à la chaîne mondiale<br>
tu dansais toute la nuit sur mes crachats<br>
e je dansais avec toi sur mes épaules<br>
à la chaîne mondiale<br>
c'était ma fin<br>
c'était ma fin<br>
c'était ma finUnknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-87516389147046780702007-10-22T13:27:00.000-03:002007-10-22T13:38:20.130-03:00um poema de paul verlaine<strong>circunspecção</strong><br>
<br>
dá tua mão, não respira, senta aqui, à<br>
sombra desta árvore onde morre a brisa<br>
aos suspiros da copa cor de cinza<br>
que o lívido luar acaricia.<br>
<br>
imóveis, baixemos a mirada pia<br>
sem pensar, sonhemos. deixemos à guisa<br>
do amor e da alegria que amenizam<br>
e em nossa cabeça a coruja pia<br>
<br>
para quê esperar? discreta e contida<br>
que nossas almas prossigam<br>
essa calma e essa serena morte solar<br>
<br>
silêncio, em meio à paz noturna:<br>
não é bom vir em seu sono atrapalhar<br>
a natureza, essa deusa feroz e taciturna.
<br><br>
(tradução livre leve e solta: leo gonçalves)Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-44638551432781781002007-10-22T10:52:00.000-03:002008-12-09T00:10:35.413-03:00um trecho do breviário dos vencidos, de e. m. cioran<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEuPa3EUY2ebHI1S6JDK5G4BAOAOzc40tgiUOCXFDCduByLgxrlXJe5GUkiidlMcUozmCy0A-9kYu2jRCRZL1bZwI3coYPUFHd8qY6NZ877wSkOrdPQVhHkonBk0kqs6xq2O7gTA/s1600-h/cioran.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5124159024219015378" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEuPa3EUY2ebHI1S6JDK5G4BAOAOzc40tgiUOCXFDCduByLgxrlXJe5GUkiidlMcUozmCy0A-9kYu2jRCRZL1bZwI3coYPUFHd8qY6NZ877wSkOrdPQVhHkonBk0kqs6xq2O7gTA/s200/cioran.jpg" border="0" /></a>
<div align="justify">"os que são afligidos pelas insuficiências humanas, que se deixam entristecer pelo vão escorrer das horas, com que alegria se entregam àquele brilho que projeta sobre as coisas um conteúdo ardente! para uma alma a qual o vazio do mundo atormenta, a obsessão da vingança é um alimento doce e fortificante, um elemento substancial de todos os instantes, uma irritação que engendra sentidos acima do não-sentido geral. as religiões, em seu ódio a tudo o que é nobreza, honra e paixão, inocularam a covardia nas almas, proibiu-lhes a renovação dos frêmitos e dos frenesis. elas não tocaram nada tão duramente como a necessidade que o homem tem de ser<em><strong> </strong>ele</em> ao se vingar. que aberração – perdoar seu inimigo, oferecer à palmatória e às cusparadas todas as fauces inventadas por um pudor ridículo, uma vez que nossos instintos nos incitam a pisoteá-lo como um bicho nojento.<br><br>
é em suas intolerâncias que o homem é um homem. alguém te enganou? nutra o ódio em você, alimente seu rancor secreto, aqueça a bile em suas veias. e se às vezes você sente que a ampla quietude das noites te ganha, não se deixe cair no esquecimento lenitivo da meditação – açoite sem piedade a sua carne amolecida, deixe o seu veneno no corpo do adversário. senão, para quê prolongar uma vida que só servirá de fardo?" </div><div align="justify"> </div>
<br><br><div align="justify">(trecho de "breviário dos vencidos"(îndreptar pătimaş), escrito entre 1940 e 1944, último livro que o romeno escreveu em sua língua pátria. assim como este, o livro está repleto de textos provocadores e cruéis, tratando de diversos assuntos cada vez mais polêmicos, especialmente nessa nossa época de lenitivos e de discursos politicamente corretos).</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-88454735708852955982007-10-22T09:31:00.000-03:002008-12-09T00:10:35.667-03:00a revista viva voz e "a lata" de patrícia mc quade<div align="justify">saiu recentemente a revista viva voz, resultado da oficina de escrita da professora elisa amorim. das aulas ministradas pela professora, saíram excelentes textos, dentre os quais destaco este verdadeiro retrato da vida contemporânea e do verão que entra. <br><br>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgujrPhGfBIlltbw9NT4IhTFFAtng1nO1Bo5Sil-oqxNw1m0LV3I0728FpKdzcuNekoOxYwmcXX1xjREQXsjcytqbNdWBBY5Z6oY03ZGocNV5Ela8O8-G5v8kBswr1KO__rUNfnew/s1600-h/shopping_img05.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgujrPhGfBIlltbw9NT4IhTFFAtng1nO1Bo5Sil-oqxNw1m0LV3I0728FpKdzcuNekoOxYwmcXX1xjREQXsjcytqbNdWBBY5Z6oY03ZGocNV5Ela8O8-G5v8kBswr1KO__rUNfnew/s400/shopping_img05.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5124143459257534658" /></a>
<strong>a lata</strong><br>
por patrícia mc quade<br><br>
sentiam-se comprimidos, envergonhados, condensados, apertados, oprimidos, sintetizados, humlhados, amassados.<br><br>
os rostos derrotados eram mais que cansados. e pagavam por isso. todo o peso do mundo exercia pressão por todos os lados. perfeita imitação de uma lata de sardinha. precisavam pagar por isso. humanos desafiando a física. como dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço? e pagavam caro por isso.
<br><br>
os cidadãos dentro da lata sobre rodas suavam. termômetros acusavam: o dia mais quente o verão. poucos sentados. a maioria de pé. todos tremendo juntamente com o motor que roncava. aquela lata cantava de maneira insuportável. por que deus criou nossos ouvidos? e as pessoas pagavam por isso.
<br><br>
gente encostada nas janelas abertas, aproveitando o alívio do vento morno. os outros empilhados, de braços erguidos, sustentando no equilíbrio os corpos uns dos outros. a total coletividade individual, com dificuldade de respirar, agonizava e pagava por aquele ar que cheirava a dia de trabalho e de competitividade por emprego, por dinheiro, por status, por oportunidade e, agora, por espaço. e pagavam pelo não-merecido.
<br><br>
fora da lata começava a chuva mansa que ao toque com o asfalto incandescente produzia um mormaço ainda mais insuportável que o calor do sol. o mormaço queria também o espaço da lata, que já possuía o calor de seu motor e o suor dos corpos, e entrou sem pagar por isso, transformando a lata em uma panela de pressão. e o cozido humana pagava sempre por isso.
<br><br>
a velocidade oscilava em sucessivas paradas para que os sujeitos já compactados descessem e outros embarcassem. a lata cada vez mais carregada e lenta, com a preguiça de uma babosa, se arrasta pelas ladeiras da cidade e em freadas bruscas e arrancadas estúpidas, e o traçado de curvas ondulantes, seguimento retilíneo, tudo isso como regras de um joguete de corpos que obedeciam ao ritmo imposto: para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, agora lançamento oblíquo. sem ordem, ao acaso. os corpos obedeciam, amontoados e deprimentes e pagavam a viagem com dinheiro roto, suado, mas sempre pagavam por isso. </div><br>
<em>(traduzido do castelhano por leo gonçalves)</em>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-11583505.post-33406096495995020112007-10-19T12:00:00.000-03:002008-12-09T00:10:35.813-03:00a disciplina do ódio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_yTcjAjv2QCk7ubICSG_Wz322KQZ1olw1oso1OEZsqWck_oJao6-y5YhiWJ8L_3zQyzbl9I3t3GG_NHLqr4QOx_34pYxyfmGJO_3JnWvjsdvzxcPYWzMv2HDINHFTrcqz2gWcvw/s1600-h/art068.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5123070859894835362" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_yTcjAjv2QCk7ubICSG_Wz322KQZ1olw1oso1OEZsqWck_oJao6-y5YhiWJ8L_3zQyzbl9I3t3GG_NHLqr4QOx_34pYxyfmGJO_3JnWvjsdvzxcPYWzMv2HDINHFTrcqz2gWcvw/s200/art068.jpg" border="0" /></a>
<div align="justify">o ódio é como uma criança frágil. é preciso saber que ele te ocupará mais que o amor. você o reitera a cada manhã e é ele que te indica a via a ser seguida a cada dia. é um pacto: a partir de agora o ódio será seu guia sua liturgia. você renderá cultos fenomenais a esse deus insano pois você não poderá mais viver sem ele. acompanha-o o ódio-ao-ódio. pés e mãos atados se arrastando de joelhos como um cristão. ele te surge como a promessa de neutralizar a imensa dor. mas seu verdadeiro encargo é o de ampliar as feridas. e morde com boca ávida a carne viva. o ódio-ao-ódio te redevolve dedicado que é à disciplina do ódio. </div>
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* * *<br><div align="justify"></div><div align="justify">el odio es como un niño débil. hay que saber que él te ocupará más que el amor. lo reiteras cada mañana y es él quién te indica el camino de cada día. es un pacto: desde ya el odio será tu guía tu liturgía. le renderás cultos fenomenales a ese dios insano pues ya no podrás vivir sin él. lo acompaña el odio-al-odio. pies y manos atados arrastrándose como un cristiano. él te surge como una promesa de neutralización del gran dolor. pero su verdadero encargo es el de ampliarte las heridas. y muerde con boca ávida la carne viva. el odio-al-odio te redevuelve dedicado que eres a <strong>la disciplina del odio</strong>.</div>
<br>
* * *
<div align="justify">la haine est comme un enfant fragile. il faut rendre compte qu'elle t'occupera bien plus que l'amour. tu la réitères chaque matin et c'est elle qui t'indique la route à suivre chaque jour. c'est un pacte: désormais la haine sera ton guide ta liturgie. tu rendras des cultes phénomenaux à ce dieu malsain, car tu ne pourras plus le quitter. la haine-à-la-haine l'accompagne. les pieds et les poings liés traînant à genoux comme un chrétien elle t'apparaît comme la prommesse de neutralisation de la grande douleur. mais sa charge véritable est celle d'élargir les blessures. et elle te mord avidement la chair vivante. et la haine-à-la-haine te renvoit dédié que tu es à <strong>la discipline de la haine</strong>. </div><br>
* * *
<div align="justify">hate is like a weak child. you must to know that it will take you much more than love. you repeat it each morning and it show the way of everyday. it's a pact: since now hate will be your guide your liturgy. you worship amazingly this mad god because you won’t to leave it never more. hate-to-hate follows it. tied by feet and fists crawling like christian folks. it appears as a promise of the great pain's neutralization. but its only charge is to enlarge your wounds. and it bites you on the injuried flesh. and hate-to-hate re-sends you, you devote, to <strong>the discipline of hate</strong>.</div>Unknownnoreply@blogger.com0