sexta-feira

carta do vidente

"EU é um outro. se o cobre amanhece clarim, não é culpa dele. isso para mim é evidente: eu assisto à eclosão do meu pensamento. eu a olho eu a escuto: meu arco toca a corda: a sinfonia se agita nas profundezas, ou vem de um salto em meio à cena."
"o primeiro estudo do homem que quer ser poeta é o conhecimento de si mesmo, inteiro; ele busca sua alma, ele a observa, tenta, aprende (instrui). a partir do momentoque ele a sabe, ele deve cultivá-la; isso parece simples: em todo cérebro se cumpre um desenvolvimento natural; tantos egoístas se proclamam autores; há também outros que atribuem a si seus progressos intelectuais!"
"o poeta se faz vidente por um longo, imenso e pensado desregramento de todos os sentidos. todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; ele busca a si mesmo, ele exaure em si mesmo todos os venenos, para então guardar apenas as quintessências. inefável tortura na qual necessita de toda a fé, toda a força sobre-humana, onde ele se torna entre todos o grande doente, o grande criminoso, o grande maldito, – e o supremo sábio! – pois ele chega ao desconhecido! uma vez que ele cultivou sua alma, já rico, mais que todos! ele chega ao desconhecido, e quando, enlouquecido, ele acabaria por perder a inteligência de suas visões, ele as viu! que ele estoure em seu sobressalto pelas coisas inaudíveis e inomináveis: virão outros horríveis trabalhadores; eles começarão pelos horizontes onde o outro se abateu!"
há algum tempo atrás, junto com o grupoPOESIAhoje, falávamos muito de rimbaud, pensávamos na parafernalização dos sentidos e nem sequer tínhamos lido mcluhan. procurávamos pela "carta do vidente", famosa carta escrita a paul démeny que nunca encontrei escrita em língua portuguesa. resolvi traduzir.
quem quiser lê-la na íntegra, é só clicar aqui.

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