segunda-feira

os desastres do amor

o amor está ao alcance da mão
então você estica os braços
tenta colhê-lo e ao fazê-lo
o empurra para mais distante

a distância te ajuda a compreendê-lo
quer dizer, a tê-lo entre os dedos
mas entre os dedos não basta
então você estica os braços, quer acolhê-lo

e ao fazê-lo, empurra ainda
para mais distante: a distância
te completa de angústias
você tem que declarar seu desespero

o amor quer ser cantado a cântaros
você se derrama nas águas do amor
e o amor é tudo ao redor
você é rio você é vento luz do sol você é ar

e te pedem que brilhe
como ao meio dia
então você brilha
e a sua luz ofusca os olhos do amor

agora é guiar aquele que você procurava
você cego procura o caminho certo
e guia quem tem os olhos foscos
mas não há mais tempo:

você defendeu o amor em todas as guerras
travou lutas contra ele em favor dele mesmo
e da única causa na qual pôde crer
e assim o deixa cada dia mais distante

mas isso não é tudo
o amor está em toda parte, você
quer amá-lo quer beijá-lo degustá-lo
no entanto, você está só

2 comentários:

Anônimo disse...

o amor é tão livre que ao tentar prendê-lo o perdemos... adorei...

Anônimo disse...

apesar de contraditório, gosto mais deste daqui. digo do ritmo. este soa mais bonito ainda que o outro. não que eu prefira os desastres, mas com profundidade tanto destrezas quanto desastres tornam-se bonitos. outro beijinho!